terça-feira, 29 de abril de 2008

pezinhos de lã

Às vezes corre-se depressa para chegar a lugar nenhum. Para ultrapassar medos e enredos aos quais queremos ser o pior cego e nunca ver. Uma verdade assumida como um grito entre mãos a ser lançado a todo o momento. Corremos para que o temor do mundo seja perpendicular a um coração ao alto...


Mas o meu amor ainda existe.
E tem pezinhos de lã.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

entre tanto branco


Há dias que levam mais tempo que o tempo de um dia inteiro.
Vinte e quatro horas em mãos cheias que demoram a passar.
Há dias que precisam de ser escritos para que possam ser esquecidos.
Vinte e quatro horas de mãos vazias.

E entretanto, branco.


"Tem medos,tem medos,vivem escondidos nos nossos segredos".
Sérgio Godinho

está na rua!


quinta-feira, 24 de abril de 2008

abril de madrugada

Esta madrugada Abril vai voltar a abrir as portas a um Maio de papoilas. E o vermelho que nasceu comigo há-de lá estar. Ainda crente nas flautas e nas danças com força de mover mundo.

Primeira Liberdade

Eu falo da primeira liberdade

Do primeiro dia que era mar e luz

Dança, brisa, ramagens e segredos

E um primeiro amor morto tão cedo

Que em tudo que era vivo se encarnava.

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 23 de abril de 2008

neurose apoteose



Não preguei olho. Há três dias que tenho seis olhos por pregar.
O sol que vem com o amanhã não cabe nas frinchas da chuva e ninguém abre a porta.
Nasci com o sol nos olhos por engano.
Irrito-me com o amor no fundo do vazio.
Declaro com prudência a monstrualização da minha calma.





"April showers bring May flowers"

terça-feira, 22 de abril de 2008

zorzoleta

É o primeiro dia do resto da minha vida e está a chover outra vez.
Há oito meses que ando a ser zombada por alguém invisível lá de cima. Ou lá de baixo.



- É como uma montanha russa, mãe!
- O quê?
- O amor!




Já não consigo esconder com a saia o coração grande demais que teima em cair por mim abaixo.




segunda-feira, 21 de abril de 2008

estribilho

É possível que tenha começado pelo telhado.
É possível que o sol leve mais tempo a brilhar nos dias que aí vêm.
É possível que o amor tenha ficado do avesso.
Não se valsou.
Não se salvou.

hoje é dia de valsar o amor


Se puder ser salvo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

venha o sol que vier, é um outro dia!


Há dois dias que chove e deschove como uma guerra de céu contra céu. Também o amor desaparece e reaparece assim, a jeito de sol com medo. Não fosse este gosto por água e eu já era Primavera!





Venha o sol que vier, é um outro dia
No límpido país da fantasia
Que a nossa escuridão iluminou.

Miguel Torga

joão sem medo

"É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR"!
José Gomes Ferreira

quarta-feira, 16 de abril de 2008

grito por não dito

"Estribilhos". Ao ver a palavra escrita na versão compacta da Presença, apeteceu-me guardá-la de bonita.

E depois há outras coisas, diferentes de palavras, que não se guardam em caixinhas de papel.

Talvez no coração.